Quando foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?
Li essa frase, numa rede social, quando o sujeito que a escreveu estava participando pela primeira vez de um campeonato esportivo.
Ele havia se preparado arduamente para a batalha e, embora não tivesse ganho o campeonato – afinal, ele era um estreante – tenho a impressão de que ele havia ficado satisfeito com o resultado, sobretudo pelo processo de preparação a que se submeteu.
A frase chama a atenção pela provocação que causa ao leitor.
E você, quando foi a última vez que fez alguma coisa pela primeira vez?
Muitos de nós nos acomodamos às nossas rotinas diárias de casa-trabalho-casa ou casa-estudo-casa, finais de semana e noites assistindo televisão e comendo coisas não saudáveis, horas e mais horas em distrações na Internet, que nem nos damos conta da importância de ampliar nossa base de conhecimento como fator crucial para ter uma vida melhor, não apenas no aspecto financeiro, mas também na nossa própria vida pessoal.
Pois o post de hoje é justamente sobre isso: aprendizagem e educação não se esgotam quando você pega o diploma da faculdade e vai procurar um emprego.
É muito mais do que isso.
Na verdade, se você quer ter uma vida plena de sentido e com cada vez mais significado, você precisa ser um eterno aprendiz.
Assim como devemos ingerir proteínas de modo frequente para sustentar o ganho de massa muscular, também devemos ler artigos sobre a importância do aprendizado de modo igualmente recorrente se quisermos manter um ciclo de vida sempre aberto e receptivo para aprendizagens.
Se você parou de aprender, você parou no tempo
Ok, eu nem queria colocar esse subtítulo aqui, mas acho que ele se encaixa perfeitamente na história que vou contar.
Um amigo me contou certa vez que, quando começou a trabalhar como estagiário na empresa, teve que abrir uma conta bancária no banco para poder receber sua bolsa.
Então, ele se dirigiu à agência bancária mais próxima do seu local de trabalho, e foi muito bem atendido pela recepcionista, que logo o encaminhou para o gerente de conta.
E, toda vez que ele precisava ir para a agência resolver alguma coisa ligada à sua conta, lá estava a recepcionista, sempre solícita, comunicativa e contente, para o atender.
Passaram-se longos 4 anos, e, durante esse tempo, ele concluiu o estágio, deixou de frequentar tal banco, formou-se, fez mestrado e partiu para construir sua carreira.
Mas ele teve uma ascensão meteórica em sua carreira, pois conseguiu subir para o cargo de gerente de projetos, graças aos resultados que havia conseguido obter nas empresas em que trabalhou, aliados à melhoria de sua qualificação (além da graduação, concluiu um mestrado).
Em resumo, ele recebeu propostas de trabalho de 3 empresas diferentes, e resolveu aceitar o convite daquela primeira empresa que o havia contratado como estagiário.
Ao ser recontratado pela antiga empresa, ele teve que reativar a conta naquele primeiro banco, e qual não foi a surpresa dele ao se deparar com a mesma recepcionista que havia lhe dado as boas-vindas quando ele entrou ali para abrir a conta na condição de estagiário!
“Não me diga que agora você é gerente? Parabéns! Mas me diga, como você conseguiu subir assim tão rápido na carreira?”, disse a moça da recepção, demonstrando estado de choque e surpresa total pela rápida ascensão profissional do meu amigo.
Ele teve uma conversa bem animada com essa moça, mas me disse que saiu desse reencontro com um misto de alegria, pelo reencontro com uma pessoa conhecida, mas ao mesmo tempo decepção, pois aquela moça, com habilidades interpessoais aparentemente boas (segundo meu amigo), poderia criar valor ao longo desses 4 anos para poder ter um trabalho que remunerasse à altura suas (potenciais) virtudes profissionais.
E quantas pessoas você não conhece que se acomodaram e se acostumaram a fazer as mesmas coisas burocráticas durante anos, quem sabe décadas, e estão até hoje no mesmo lugar que estavam há 4, 8, 15 ou 20 anos, enquanto você foi, ao longo desse tempo todo, escalando todos os níveis e degraus de sua carreira profissional? Ou será que você também estagnou?
Meu amigo, minha amiga, não existe almoço grátis.
Se você quiser ter liberdade financeira, você precisa aprender mais.
Aprender mais sobre sua carreira, aprender mais sobre sua área de atuação, aprender mais sobre finanças pessoais e investimentos, aprender mais sobre muitos outros tópicos indispensáveis para ter êxito na vida pessoal e na vida profissional.
Você não pode se dar ao luxo de, nas horas vagas, gastar a maior parte de seu precioso tempo com coisas que não irão lhe acrescentar novas ideias, novos hábitos, novos pensamentos ou novos comportamentos ou novas atitudes.
Você precisa se reciclar constantemente.
Até há alguns anos, todos acreditávamos que a educação e o aprendizado se resumiam ao ciclo da pré-escola até a faculdade. Esse pensamento da educação restrita à educação meramente formal pode, inclusive, ser o pensamento de seus pais e avós.
Porém, hoje em dia, sabemos que o mundo tem passado por constantes, rápidas e irreversíveis transformações, de modo que precisamos nos adaptar e evoluir como pessoas, para podermos lidar com as novidades que vemos surgindo a cada ano que passa, inclusive nas coisas mais simples.
Vou contar outra história (pois eu acredito no valor das histórias para fixar determinados conceitos e ideias daquilo que quero transmitir).
Conheço uma pessoa já na faixa dos seus 70 e poucos anos, aposentado, que costumava receber o contracheque da aposentadoria em via de papel. Ele sempre foi avesso à tecnologia, de modo praticamente completo. Mesmo tendo condições de sobra para ter computador em casa, e mesmo sendo uma pessoa altamente instruída, com diploma superior e tendo atingido tecnicamente a independência financeira, ele preferiu ignorar a Internet. Vive desconectado. Não tem sequer celular. Faz as coisas, digamos, “à moda antiga”.
Pois outro dia, ele me disse que estava em apuros, pois a empresa havia deixado de enviar o contracheque por meio de papel, comunicando que a partir de então todos os documentos seriam enviados por email ou estariam disponíveis na página da empresa na Internet. O problema era que ele não tinha Internet e, muito menos, email!
Essas situações, que chegam a ser bizarras, carregam uma importante lição: precisamos aprender a acompanhar e a dominar os novos meios de comunicação que surgem, para não sermos privados dos benefícios que eles podem nos proporcionar.
Como continuar aprendendo continuamente?
Cursos online.
Na Internet, existem cursos para qualquer área do conhecimento que você queira explorar. Não vai ser por falta de opções que você não aprenderá novas habilidades, nem que sejam apenas para melhorar algum ponto de sua vida pessoal, como reformar móveis e objetos pessoais, aprender a fotografar melhor, criar web sites, ou aprender a cozinhar. Alguns sites bons nesse sentido – alguns pagos, e outros gratuitos – são o Udemy, o Lynda e o Khan Academy. Além desses sites específicos, o próprio YouTube tem milhares, talvez milhões de canais, elaborados por pessoas que têm verdadeira paixão na arte de ensinar e transmitir conhecimento através de vídeos educativos.
Livros físicos e Loja Kindle.
Os livros são excelentes meios de adicionar conhecimento e progredir na vida, como já disse no blog em outras ocasiões. Hoje em dia, esta facilidade ficou ampliada com a possibilidade de lermos através de aparelhos eletrônicos portáteis, como o Kindle. Apesar de toda a facilidade proporcionada pelos tablets e smartphones, eu ainda prefiro usar, além dos livros de papel, o aparelho Kindle como instrumento de leitura, principalmente porque cansa menos os olhos.
Podcasts.
No Brasil, aprender através da audição ainda é, infelizmente, pouco explorado, muito talvez em função da cultura “popular” brasileira de valorizar a informação transmitida através de imagens – vide o sucesso do Instagram e do Youtube por aqui, por exemplo. Conhecimento e informação transmitidos através de textos parecem ser relegados a segundo plano, tal como já noticiei em um artigo antigo, mas ao mesmo tempo tão atual: 0,05% a.a. não é só a taxa de administração do PIBB: é também a fatia do orçamento doméstico que o brasileiro reserva para livros…
Podcasts são programas de áudio sobre os mais diversos assuntos baixados no celular ou tablets. São mais dinâmicos que os livros, na medida em que tratam de assuntos de maneira mais atual e para um público mais específico, enquanto os livros se destinam, em geral, para um espectro de público mais amplo. Eu gosto – e já disse isso aqui no blog – dos podcasts da CBN sobre finanças pessoais (Mauro Halfeld e Mara Luquet), e, mais recentemente, do YNAB.
Audiobooks.
São os livros narrados em formato de áudio. Muito úteis para serem ouvidos em momentos ociosos, como esteira de academia, trajeto de trânsito, dentro do avião etc., mas tão pouco explorados no Brasil, assim como os podcasts, os audiobooks são ferramentas ótimas para aliar aquisição de conhecimento com otimização de uso do tempo, principalmente em situações e circunstâncias que não requerem nossa concentração visual sobre uma folha de papel ou uma tela eletrônica.
O grande manancial dos livros de áudio é o Audible, e eu falo por experiência própria: tenho uma conta lá há mais de 13 anos, e o app do Audible está na tela inicial do meu smartphone desde que eu usava o Palm.
Escolas “tradicionais”.
Por quê não? Embora saibamos hoje em dia que é perfeitamente possível adquirir conhecimento de qualidade sendo um completo e voraz autodidata, muitas profissões ainda requerem a qualificação pelos meios tradicionais das universidades e cursos formais, tais como o Direito, Engenharia e Medicina.
A formação do hábito
Só é possível adquirir um conjunto de novas habilidades unindo dois ingredientes fundamentais e indissociáveis: trabalho duro e hábito. E por hábito eu quero dizer: todo dia, ou, pelo menos, 5 vezes por semana. Separe um tempo, de 20 ou 30 minutos, todo dia, de preferência no mesmo horário, para aprender alguma coisa nova, até que ela faça parte de sua rotina.
Para evitar a tentação de abandonar o aprendizado no meio do caminho, faça um duplo controle:
(a) marque na agenda o compromisso de aprender a nova habilidade, e
(b) use uma folha de calendário impressa para você riscar o dia em que você consumiu tempo aprendendo coisas novas.
Revise semanalmente essa folha de calendário a fim de verificar se você de fato está fazendo progressos no seu compromisso de aprender novas habilidades, ou se está simplesmente se auto-enganando.
Conclusão
Tão ou mais importante do que aumentar a quantidade de dinheiro em sua conta bancária é aumentar a quantidade de neurônios em seu cérebro.
Isso porque aumentar a quantidade de células em sua cabeça fornecerá elementos para que você formule e crie respostas melhores para as diferentes demandas e perguntas que a vida constantemente lhe fará.
“A palavra que melhor representa o cérebro é a plasticidade, isto é, o poder do cérebro de se modelar em função das novas experiências, dos novos contatos, já que, a partir dessa imersão em novas situações, conexões neurais são criadas e o próprio mapa cerebral vai sendo redesenhado, de forma dinâmica e contínua.
A leitura desempenha um papel decisivo para a vitalidade do cérebro, como se fosse um músculo que necessita continuamente ser exercitado. A nossa capacidade intelectual depende menos de nossa genética, e mais das experiências que construímos ao longo da vida”.
Sem se submeter a novas experiências, sem explorar territórios desconhecidos, sem aprender coisas novas, fica muito difícil evoluir como pessoa. Você consegue imaginar como seria sua vida hoje se não soubesse usar o Google, ou manejar uma conta de email, ou, ainda, escovar os dentes, ligar o fogão ou usar talheres?
Continue aprendendo.
À medida que o tempo passa, a vida vai nos colocando cada vez mais desafios, que talvez exigirão de nós habilidades que ainda não desenvolvemos por completo.
Saber lidar com o dinheiro é uma dessas habilidades, que muitos dos novos leitores têm intenso desejo de dominar, a julgar pelas perguntas que constantemente aparecem na caixa de comentários, e que é uma habilidade essencial para ter uma vida com mais segurança e tranquilidade.
O aprendizado serve para melhorar várias áreas de nossa vida. Por exemplo, semana passada fiz pela primeira vez na vida um exercício de flexão de braços usando suportes. Como estava acostumado a fazê-lo apoiando os dedos das mãos diretamente no chão, foi difícil usar o suporte para o apoio das mãos. Claro, cansei mais do que o normal.
Foi um exercício interessante, e, mais do que isso, representou uma novidade, já que fez com que meu corpo precisasse se adaptar de maneira distinta, para produzir o movimento correto. Certamente essa novidade irá contribuir para incrementar o trabalho físico que venho realizando, e o apoio correto no suporte é uma habilidade que sem dúvida precisarei dominar se quiser fazer o movimento correto do exercício.
E você, quando foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?
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